quinta-feira, 4 de junho de 2009

“Pata Lenta”, mais uma dádiva de Norberto Lobo


Numa celebração Filho Único, Norberto Lobo, em guitarra solo, apresenta "Pata Lenta", o sucessor de "Mudar de Bina”. É mesmo ali numas portas perto do Coliseu de Lisboa, na Casa do Alentejo, um dos sítios mais simbólicos de Lisboa. Não fosse Norberto um músico lisboeta.
“Mudar de Bina”, o primeiro, é um essencial da guitarra acústica, forte nos ambientes que permite criar, mas essencialmente um disco humano, onde há espaço para o erro, próprio de um músico autêntico, que gosta de registar tudo no primeiro take.
A sua música é popular, é perto de John Fahey, mas a sua capacidade expressiva e de interpretação fazem a diferença. Ele assume a guitarra, com todas as suas potencialidades e produz vibração, comunica efectivamente com quem ouve de forma disponível. Contemplativo, sensato, um disco com sonoridades intimistas e alegres, algo tão difícil de conseguir.
“Pata Lenta” é o álbum que se segue, em que espera uma repetição de qualidade e uma linha de continuidade. O disco começa com o tema-título e tem composições cheias de cor e movimento. Ele toca sozinho, mas não toca música solitária, preenche o espaço sonoro e preenche-nos a nós. Entre canções que nos transportam para um imaginário de ruas, de montes, de campos, de uma certa aproximação à natureza, encontra-se ainda uma versão de “Unravel” de Björk. “Pata Lenta” será uma dádiva como “Mudar de Bina”. O concerto de apresentação será dia 5, na Casa do Alentejo, às 22h, mas as mesas são poucas e os bilhetes têm um preço reduzido. Apenas 5 euros para receber este disco gravado num só dia, mas com muita estrutura e convicção.


ANA MARIA DUARTE
Artigo publicado Jornal Semanário (05-06-2009)

Sem comentários: