quinta-feira, 4 de junho de 2009

Romeu e Julieta revisitado pelo Nature Theater of Oklahoma


Romeo and Juliet”. Pensamos: uma vez mais? Mas desta vez é algo muito diferente, é uma reinvenção. Pelo Nature Theater of Oklahoma, provavelmente a mais conhecida companhia de teatro de Nova Iorque, este é um espectáculo que promete ser uma surpresa porque é resultado de muitas percepções e memórias de uma mesma história, a de Romeu e Julieta.
“Romeo and Juliet” do Nature Theater of Oklahoma é baseado numa série de conversas telefónicas. O que se pedia era que as pessoas contassem, em palavras suas, a história de Romeu e Julieta. Mas ninguém se lembrava da história toda, e as memórias que foram surgindo primeiro na cabeça das pessoas e agora em palco, foram tornando cada vez mais complexa esta narrativa. “Uma reviravolta surpreendente é o mínimo que se pode dizer do resultado destas conversas. Ninguém se lembrava com exactidão da verdadeira história e começam a surgir questões de base: “Quem se apaixonou por quem primeiro? Envolveram-se sexualmente? Quem matou Mercúcio? Como é que estes amantes infelizes se perderam tão tragicamente?”
Os participantes, do outro lado do telefone, reinventaram a história de Romeu e Julieta, deram-lhe novas cores, recorrendo a pormenores inexistentes, criando até cenas e personagens que não existem na versão original. Uma solução para as memórias menos trabalhadas: a imaginação, que acabou por preencher lacunas e possibilitou a criação de histórias geniais e originais que atravessam os temas do amor, da luxúria e do auto-sacrifício. Depois de gravadas as conversas telefónicas, a companhia Nature of Oklahoma procedeu à sua adaptação teatral, passando-a depois para o palco, num espectáculo que é uma colagem de todas estas histórias a várias vozes.
Já há um ano, esta companhia surpreendeu com o espectáculo “No Dice”, tendo sido considerado um dos pontos altos do festival alkantara. Agora “Romeo and Juliet” é uma oportunidade de reencontrar ou de conhecer esta companhia de teatro nova iorquina.
Com interpretação de Anne Gridley e Robert M. Johanson, com Elisabeth Conner, o espectáculo conta com a direcção e encenação de Pavol Liska e Kelly Copper. Na sala principal do Teatro Maria Matos, sexta e sábado, às 21h.

ANA MARIA DUARTE
Artigo publicado Jornal Semanário (05-06-2009)

Créditos da Imagem: Kerstin-Joen

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