Aimee Mann esteve no Coliseu de Lisboa no passado sábado para um concerto feito de melodias suaves compostas na sua guitarra e cantadas pela sua doce voz. A sala não estava cheia, o concerto não foi muito longo, mas teve a duração certa para encantar e deixar vontade de ouvir o álbum. Simpática e comunicativa, Aimee foi contando as suas histórias, numa noite quente de Outono, num tom rock-folk.
Antes da entrada de Aimee Mann, Tiago Bettencourt apareceu a solo, para umas canções à guitarra e ao piano. Uma boa surpresa, principalmente a versão lírica e ao piano de “Chaga” dos Ornatos Violeta.
Depois de ter deixado o palco, com uma “desculpa” de tom humorístico de que a Aimee já o estava a chamar, o palco foi preenchido pela loura de sorriso simpático e ar descontraído. Ela já tinha estado nesta mesma sala durante o ano de 2007 e regressou, dizendo que esta era um dos sítios que mais gostava. Estes elogios vieram na continuidade do que foi dizendo à imprensa nas mais recentes entrevistas, que realmente gosta desta cidade. Natural. Já na faixa dos 40 anos, Aimee Mann é uma mulher esguia e com atitude em palco. A sua voz é acompanhada por dois teclistas, um baterista e um guitarrista, e ela funciona como um membro da banda e não como uma estrela. Ela é profissional e isso passa para quem a vê. Não é mau, nem todos os artistas têm de ter alto carisma ou um mistério no seu olhar, mesmo quando as músicas nos passam isso. Ali, em palco, ela é alguém que veio tocar as suas músicas, veio mostrar o seu trabalho.
Começou por “Stranger into Starman” e “Looking for nothing” do novo álbum “Smilers”, assim como “Freeway”. “31” deste álbum, que fala da crise dos 30 foi uma das melhores. “Red Wines” foi um dos momentos mais intimistas, apresentada só com uma guitarra acústica. Ainda bem que o concerto foi composto por uma maioria de novas canções, mas não faltaram as recordações da banda sonora de Magnolia, que a tornou conhecida. “Save Me” teve direito a uma versão mais descontraída e “Wise Up” marcou uma presença mais sumida.
Na plateia a faixa etária também era menos jovem, mas tinha uma onda muito pop e encantadora. Ouviram-se alguns comentários de que o primeiro concerto teria sido mais envolvente, mas talvez fosse o público que estivesse menos entusiasmado por já não ser a primeira vez. Antes do encore ouviram-se "Today's The Day", do álbum “Lost in Space”, de 2002, e "How Am I Different?”. O regresso ao palco deu-se com “One” e o adeus com “Deathly”.
ANA MARIA DUARTE
Artigo publicado no Jornal Semanário (ed.24.10.2008)
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