terça-feira, 28 de abril de 2009

“And Then”, um documentário vivo


Teatro/Performance em Serralves
Eszter Salamon em estreia


No dia 26 de Abril, às 22h, o Auditório de Serralves recebe uma estreia absoluta em Portugal. “And Then”, da coreógrafa Eszter Salamon. Trata-se de uma performance onde se unem dança, teatro, música e vídeo, formando um documentário vivo.

A coreógrafa conta já com uma sólida carreira, mas só agora se apresenta em Portugal. O seu trabalho explora as ligações entre diversas formas artísticas: música, teatro, dança, vídeo. Ezster Salamon formou-se em Budapeste e depois seguiu para França, onde trabalhou com vários coreógrafos entre 1992 e 2000. Em 2001 criou What a Body you have, Honey e (com Xavier Le Roy) a peça Gizelle. Eszter criou ainda Reproduction, em Podewill (Berlim), onde foi artista residente e recebeu, em 2004, o prémio Villa Médicis Hors Les Murs. Em 2005 apresentou Magyar Tancok em Lyon e em 2006, a peça Nvsbl. Em 2007 criou And then e Without you I am nothing, um concerto-performance realizado em colaboração com Aranxta Martinez. Em Maio de 2008, no quadro do Kunstenfestival des Arts em Bruxelas, Salamon apresenta o duo Dance#1/Driftworks, em conjunto com Christine De Smedt e participa igualmente no projecto de investigação coreográfico 6M1L (6 mois 1 lieu), no Centro Coreográfico de Montpellier, em França.
A peça "And Then" é a sua mais recente criação e traz-nos, mais uma vez, uma mistura de artes performativas. São oito mulheres de várias gerações, todas chamadas Eszter Salamon, que estão no palco ou nos ecrãs de vídeo para nos contar partes das suas histórias. Uma espécie de reflexão sobre imagens de pessoas, neste caso, das várias Ezter, uma reflexão sobre as ligações e não ligações entre elas e o que provocam em quem vê.
A dramaturga (e colaboradora de Ezster Salamon) Bojana Cvejic descreve assim a peça: “Imagine que encontra um álbum de fotografias na rua. Abre-o e vê imagens de pessoas que não conhece, instantâneos de férias, atitudes e gestos familiares, caras desconhecidas que lhe sorriem como se fosse um parente ou um amigo íntimo a quem as fotografias são destinadas…não é estranho e quase perturbador penetrar desta forma na vida dos outros? Numa cena que se contrai e se dilata, se dobra e se estende em dois e três espaços, em qualquer lugar entre aqui e parte alguma, oito pessoas dizem e cantam a banda sonora da sua vida e da sua época sem nenhuma ligação entre elas. O que as faz reunir e falar, a estas pessoas que dialogam no singular mas que não têm nada de particular? O que significa encontrar alguém cuja existência não nos diz respeito nem de perto nem de longe? Como é que a expressão de cada um nos deixa indiferentes mas que, no entanto, nos importa tão profundamente?”
O espectáculos de Ezster Salamon está integrado no ciclo Documente-se!, Registos na Primeira Pessoa que concretiza o seu segundo momento de 20 a 28 de Abril.

ANA MARIA DUARTE
Artigo publicado no Jornal Semanário (24-04-2009)

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