Retrospetiva de Angela Schanelec
Ciclo de cinema na Culturgest
Este mês, na Culturgest, será possível ver uma série de filmes de Angela Schanelec, enquadrados no ciclo “A crueldade depois do teatro”. Entre dia 12 e dia 15, o Pequeno Auditório recebe esta programação de André Dias. Uma visão do quotidiano das pessoas e dos momentos que fazem parte destas verdades comuns.
O cinema de Angela Schanelec define-se por uma atenção particular ao quotidiano das pessoas, principalmente a momentos em que existe uma reflexão sobre a sua vida. A realizadora vai ao seio das relações amorosas e familiares díficeis para encontrar personagens que lutam com as palavras, expondo-se aos limites que conseguem expressar. Plasticamente, o seu cinema tem uma beleza própria, revelando um cuidado extremo com a luz natural, oriundo da parceria com o director de fotografia Reinhold Vorschneider.
Os filmes têm também um teor autobiográfico e mesmo de feminista. Neles, mulheres emancipadas buscam uma vida com sentido. Mas tal nasce da intimidade, sem um discurso social que o justifique.
Angela Schanelec é uma das vozes mais importantes do cinema alemão contemporâneo. Nascida em 1962 na Alemanha ocidental, estudou representação em Hamburgo e foi actriz em vários grupos de teatro importantes, como a Schaubünhe de Berlim, até 1991. Desagradada com o modo de representação praticado, abandonou os palcos para voltar a estudar numa academia de cinema em Berlim – a dffb.
Desde 1995, Schanelec escreveu e realizou as cinco longas metragens de ficção, exibidas nos festivais de Cannes, Veneza e Berlim, que compõem esta retrospectiva integral.
O ciclo começa na próxima quinta-feira, às 21h30, com “A Sorte da Minha Irmã / Das Glück meiner Schwester” (1995, 35mm, 81’). “Ao começo da noite, à saída de um parque da cidade, Ariane conversa com Christian enquanto aguardam pelo autocarro. Ariane receia ser deixada por ele, que se apaixonou pela sua irmã Isabel... Com a própria Angela Schanelec como Isabel, esta sua primeira longa metragem centra-se na passagem do tempo sobre um doloroso triângulo amoroso.”
No dia seguinte, às 18h30 são projectados os seus primeiros filmes, “Bela Cor Amarela / Schöne gelbe Farbe” (1991, 16mm, 5’); “Muito Longe / Weit entfernt” (1992, 16mm, pb, 9’); “Praga, Março 92 / Prag. März 92” (1992, 16mm, 14’) e “Passei o Verão em Berlim / Ich Bin den Sommer über in Berlin geblieben” (1993, 35mm, 49’).
Realizadas no contexto escolar da dffb, estas primeiras curtas metragens, de natureza mais experimental, mostram a importância que o texto e a indagação dos lugares na cidade adquirirão na obra de Schanelec. A realizadora falará no início da sessão sobre as suas influências e o seu percurso.
Às 21h30 é projectado “Lugares nas Cidades / Plätze in Städten” (1998, 35mm, 117’). “Mimmi, jovem de amores incertos e relação difícil com a mãe, termina o liceu. Durante uma excursão a Paris, conhece um rapaz e passa a noite com ele. Ao voltar à Alemanha descobre que está grávida. Volta para Paris, onde hesita longamente sobre o que fazer. ”
No sábado, às 18h30, passa “Rainha de ouros / Queen of diamonds”, de Nina Menkes (1991, 35mm, 77’). Este filme foi integrado na programação, sendo a escolha de Schanelec para a apresentação de um filme de outro autor. Em vez de uma influência reconhecível, opta por uma realizadora sua contemporânea.
Às 21h30, poderá ver-se “De Tarde / Nachmittag” (2007, 35mm, 97’).Um retrato de família e de pessoas aprisionadas em si próprias nas tardes de Verão de uma casa de lago. A realizadora falará no início da sessão sobre os seus projectos e filmes mais recentes.
Domingo, 15, às 18h30, “A Minha Vida Lenta / Mein langsames Leben” (2001, 35mm, 85’). “Situações encontradas todos os dias, vezes sem conta. Uma tentativa de observar a vida de fora, em que a dispersão e a passagem entre personagens diferentes não impedem que se sinta a subtileza do que cada uma delas vive.”
Às 21h30, “Marselha / Marseille” (2004, 35mm, 95’). Sophie, uma jovem fotógrafa, passa uma temporada em Marselha, atenta à cidade e aberta aos encontros simples. Quando retorna a Berlim fica imediatamente submersa pela sua antiga vida, pela sua paixão pelo marido da melhor amiga, uma actriz desesperada pela falta de talento. Sophie volta a Marselha...
Este ciclo é uma retrospectiva do cinema desta singular realizadora. Não é um cinema de mutismo, é antes um cinema de luta pela palavra.
Ciclo de cinema na Culturgest
Este mês, na Culturgest, será possível ver uma série de filmes de Angela Schanelec, enquadrados no ciclo “A crueldade depois do teatro”. Entre dia 12 e dia 15, o Pequeno Auditório recebe esta programação de André Dias. Uma visão do quotidiano das pessoas e dos momentos que fazem parte destas verdades comuns.
O cinema de Angela Schanelec define-se por uma atenção particular ao quotidiano das pessoas, principalmente a momentos em que existe uma reflexão sobre a sua vida. A realizadora vai ao seio das relações amorosas e familiares díficeis para encontrar personagens que lutam com as palavras, expondo-se aos limites que conseguem expressar. Plasticamente, o seu cinema tem uma beleza própria, revelando um cuidado extremo com a luz natural, oriundo da parceria com o director de fotografia Reinhold Vorschneider.
Os filmes têm também um teor autobiográfico e mesmo de feminista. Neles, mulheres emancipadas buscam uma vida com sentido. Mas tal nasce da intimidade, sem um discurso social que o justifique.
Angela Schanelec é uma das vozes mais importantes do cinema alemão contemporâneo. Nascida em 1962 na Alemanha ocidental, estudou representação em Hamburgo e foi actriz em vários grupos de teatro importantes, como a Schaubünhe de Berlim, até 1991. Desagradada com o modo de representação praticado, abandonou os palcos para voltar a estudar numa academia de cinema em Berlim – a dffb.
Desde 1995, Schanelec escreveu e realizou as cinco longas metragens de ficção, exibidas nos festivais de Cannes, Veneza e Berlim, que compõem esta retrospectiva integral.
O ciclo começa na próxima quinta-feira, às 21h30, com “A Sorte da Minha Irmã / Das Glück meiner Schwester” (1995, 35mm, 81’). “Ao começo da noite, à saída de um parque da cidade, Ariane conversa com Christian enquanto aguardam pelo autocarro. Ariane receia ser deixada por ele, que se apaixonou pela sua irmã Isabel... Com a própria Angela Schanelec como Isabel, esta sua primeira longa metragem centra-se na passagem do tempo sobre um doloroso triângulo amoroso.”
No dia seguinte, às 18h30 são projectados os seus primeiros filmes, “Bela Cor Amarela / Schöne gelbe Farbe” (1991, 16mm, 5’); “Muito Longe / Weit entfernt” (1992, 16mm, pb, 9’); “Praga, Março 92 / Prag. März 92” (1992, 16mm, 14’) e “Passei o Verão em Berlim / Ich Bin den Sommer über in Berlin geblieben” (1993, 35mm, 49’).
Realizadas no contexto escolar da dffb, estas primeiras curtas metragens, de natureza mais experimental, mostram a importância que o texto e a indagação dos lugares na cidade adquirirão na obra de Schanelec. A realizadora falará no início da sessão sobre as suas influências e o seu percurso.
Às 21h30 é projectado “Lugares nas Cidades / Plätze in Städten” (1998, 35mm, 117’). “Mimmi, jovem de amores incertos e relação difícil com a mãe, termina o liceu. Durante uma excursão a Paris, conhece um rapaz e passa a noite com ele. Ao voltar à Alemanha descobre que está grávida. Volta para Paris, onde hesita longamente sobre o que fazer. ”
No sábado, às 18h30, passa “Rainha de ouros / Queen of diamonds”, de Nina Menkes (1991, 35mm, 77’). Este filme foi integrado na programação, sendo a escolha de Schanelec para a apresentação de um filme de outro autor. Em vez de uma influência reconhecível, opta por uma realizadora sua contemporânea.
Às 21h30, poderá ver-se “De Tarde / Nachmittag” (2007, 35mm, 97’).Um retrato de família e de pessoas aprisionadas em si próprias nas tardes de Verão de uma casa de lago. A realizadora falará no início da sessão sobre os seus projectos e filmes mais recentes.
Domingo, 15, às 18h30, “A Minha Vida Lenta / Mein langsames Leben” (2001, 35mm, 85’). “Situações encontradas todos os dias, vezes sem conta. Uma tentativa de observar a vida de fora, em que a dispersão e a passagem entre personagens diferentes não impedem que se sinta a subtileza do que cada uma delas vive.”
Às 21h30, “Marselha / Marseille” (2004, 35mm, 95’). Sophie, uma jovem fotógrafa, passa uma temporada em Marselha, atenta à cidade e aberta aos encontros simples. Quando retorna a Berlim fica imediatamente submersa pela sua antiga vida, pela sua paixão pelo marido da melhor amiga, uma actriz desesperada pela falta de talento. Sophie volta a Marselha...
Este ciclo é uma retrospectiva do cinema desta singular realizadora. Não é um cinema de mutismo, é antes um cinema de luta pela palavra.
ANA MARIA DUARTE
Artigo publicado no Jornal Semanário (06.02.2009)
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