terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Companhia Nacional de Bailado - A dança em movimento


Digressão e criação de públicos

A Companhia Nacional de Bailado dá continuidade à digressão nacional, depois de ter passado por Almada, Beja e Faro no último mês de 2008. A digressão continua em Janeiro e Fevereiro, em Santa Maria da Feira, Lamego e Évora. Estas foram as cidades escolhidas para dar continuidade à digressão nacional da CNB iniciada com o bailado “O Quebra-Nozes.” Agora retomam a digressão com um programa de repertório contemporâneo dando assim a conhecer a versatilidade dos bailarinos numa programação diversificada. Os espectáculos que partem agora para digressão nacional são “Isolda” de Olga Roriz, “Lento para quarteto de cordas” de Vasco Wellenkamp e “Cantata” de Mauro Bigonzetti.


“Isolda” de Olga Roriz foi estreado em Lisboa a 31 de Janeiro de 1990 no Grande auditório da Fundação Calouste Gulbenkian pelo extinto Ballet Gulbenkian. Com música de Wagner, figurinos de Vera Castro e desenho de Luz de Orlando Worm é uma criação de Olga Roriz, agora interpretada por bailarinos da CNB, que nos deixa em suspenso. Tudo se passa entre o universo onírico e a morte, numa recordação de dor e prazer. Balança-se entre o prelúdio e a morte. Nas palavras de Olga Roriz: “Agarrei no tema da Isolda sem tragédia, mas de uma forma dramática no sentido teatral. Afinal, é a mulher quem reina no amor. A dramaticidade de Isolda foi encontrada por uma expressividade puramente física, não emocional. O movimento tanto é lento e suspenso como veloz, térreo e brusco. Os figurinos decoram o corpo, concedendo-lhe um ar tratado e criando uma atmosfera operática. Quero mostrar o progresso do cansaço através dos fatos pesados e pedi às bailarinas para não lutarem contra esse cansaço. Pretendi que sobressaísse a energia de cada uma delas e é aí que pudera acontecer a beleza deste trabalho. (…)”.
“Cantata” é uma homenagem à cultura e tradição musical italianas, uma criação popular, no sentido mais elevado do termo. Utiliza música italiana dos séculos XVIII e XIX, desde as canções de embalar ao Salentine pizziche e às serenatas napolitanas. Neste bailado, criado a partir de um encontro inesperado com um grupo de músicos de Nápoles e Puglia, a dança e a música misturam-se e interligam-se. Original e tradicional do sul de Itália, “Cantata” é uma coreografia plena de cores vibrantes, típicas do sul. Os gestos apaixonados evocam um tipo de beleza mediterrânica e selvagem. Uma dança instintiva e vigorosa explora as várias facetas da relação entre homem e mulher, estando muito presentes a paixão e a sedução.


“Lento para quarteto de Cordas” é a prova de que “viver fisicamente a música pode ser a mais sublime das emoções”. Aqui a dança surge dentro do canto e das imagens oferecidas.
As apresentações serão dia 31 de Janeiro no Europarque, em Santa Maria da Feira; no Teatro Ricardo Conceição, no dia 4 de Fevereiro, em Lamego e no dia 7 de Fevereiro, em Évora, no Garcia de Rezende.
Simultaneamente, a CNB apresenta espectáculos para escolas. A Companhia Nacional de Bailado tem sempre presente na sua programação espectáculos dedicados ao público escolar desempenhando assim a função pedagógica que lhe cabe junto das escolas, procurando introduzir o público jovem no mundo da dança e dar-lhes a conhecer a arte do movimento.
A mesma “Cantata” será apresentada dias 11, 12 e 13, às 15h no Teatro Camões (para maiores de seis anos). Nos dias 18, 25 e 26 de Março, às 15h, é apresentado “Coppélia ou A Rapariga dos Olhos de Esmalte”, uma coreografia de John Auld segundo Arthur Saint-Léon, Marius Petipa e Enrico Cecchetti e música de Léo Delibes. “Coppélia ou a Rapariga dos Olhos de Esmalte” é um bailado com história sem recurso à palavra, onde a ilusão e fantasia comunicam facilmente com o público.
Swanilda, a jovem namorada que fica com ciúmes da bela rapariga colocada à janela do fazedor de bonecos Dr. Copélius, e por quem Franz se deslumbra, resolve pôr à prova a fidelidade de Franz através de uma espiga. A trama simples e perfeitamente de acordo com o imaginário do sonho, aliadas às características encantatórias de todo o ambiente criado pelos cenários, figurinos e pela dança clássica, tornam este bailado um potencial espectáculo para todas as idades.
ANA MARIA DUARTE
Artigo publicado no Jornal Semanário (16.01.2009)

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