terça-feira, 16 de setembro de 2008

Festival Internacional de Cinema e de Artes Performativas



Lisboa recebe o primeiro Festival Internacional de Cinema de Artes Performativas (FICAP), uma reunião entre o cinema e as artes do palco. A 1ª edição do FICAP vai decorrer no Museu Nacional do Teatro, de 20 a 28 de Setembro, estendendo-se a uma sala do Centro Cultural da Malaposta.

O principal foco é o conjunto de artes performativas: teatro, música, circo e dança, mas mantendo a janela aberta para outras artes, como o cinema, mostrando o que de melhor se faz na 7ª arte em todo o mundo. A direcção chama-lhe o ano zero, é que esta é a primeira edição deste festival e que está a dar os primeiros passos. O FICAP quer transformar-se no maior panorama internacional daquilo que se faz em cinema e vídeo, no que diz respeito à união que estes dois têm às artes performativas. Este é um festival que vem ocupar um lugar vazio em Lisboa. É de facto a descoberta de um nicho de mercado, podendo mais tarde vir-se a tornar num festival de extrema importância para o público português, dada a sua apetência para os festivais de cinema, sendo talvez 20 de Setembro o primeiro dia para o resto da vida artística de Lisboa.
O festival apresenta uma estrutura bem pensada, com secções oficiais de competição, que se irão dividir em quatro partes, sendo elas documentários e biografias, making of, espectáculos gravados e cinema e artes performativas.
A parte de documentário e biografias incluem-se todas as obras que tratam determinada temática, autor, estilo, género ou época relacionado com as artes performativas. Desta forma serão apresentadas, por exemplo, retrospectivas do trabalho de Peter Brook e de Robert Wilson, , dois encenadores com uma forte ligação ao cinema e de quem o FICAP mostra filmes, documentários e também espectáculos gravados. Peter Brook é um dos mais influentes encenadores do século e por isso aparece em grande destaque nesta primeira edição. Encenador da Royal Shakespeare Company e director do Internacional Centre of Theatre Research em Paris, será abordado através de “Mahabarata”; “Meetings with remarkable men”, “King Lear”, “Lord of the Flies”, “La tragédie d’Hamlet”, “Don Giovanni” e “Brook by brook”.
A secção de making of apresentará, como o nome indica, making of de espectáculos ou peças de teatro. Espectáculos gravados refere-se à programação de espectáculos em diferido, de teatro, dança, circo ou música, num sentido lato. Por último, a secção cinema e artes performativas engloba filmes onde as artes performativas fazem parte do todo.
Outro dos pontos importantes do festival é a Carta Branca. As cartas brancas implicam uma programação e escolhas por parte de quem as recebe. Neste caso receberam-nas Edson Cordeiro e o Teatro Praga, que escolheram filmes que os marcaram enquanto artistas. O primeiro escolheu para o FICAP “Callas Forever” de Franco Zefirelli; “Carmen” de Carlos Saura e “O Baile”, de Ettore Scolla. O Teatro Praga escolheu enquanto colectivo: “Fanny e Alexander” de Ingmar Bergman, “Noite de Estreia”, de John Cassavetes e “Santa Sangre”, de Alexander Jodorowsky.
Na secção competitiva muitas são as surpresas guardadas para o público português que poderá ver biografias de músicos e encenadores, documentários sobre artes circenses, videoarte, videodança, espectáculos gravados de algumas das maiores companhias da actualidade, entre dezenas de outros filmes. Existem duas selecções à volta da secção competitiva: a nacional e a internacional, com filmes e vídeos sobre teatro, dança, música e circo. Nas secções informativas haverá uma “Fora de Competição” que englobará alguns filmes que por algum motivo não se enquadram nas competições.
A propósito da celebração dos 60 anos sobre a assinatura da declaração dos direitos humanos, o FICAP exibe a peça “Mãe coragem e os seus filhos”, de Brecht, encenada por João Lourenço em 1986.
Na dança destaque para a sessão “South East Dance”, que no Reino Unido tem vindo a criar, apresentar e distribuir filmes e vídeos de dança nos últimos 10 anos. No fundo, tem vindo a produzir alguns dos mais arrojados filmes de dança para o ecrã do mundo. Por “dança para o ecrã” entenda-se uma nova forma de arte pioneira, onde os artistas exploram a dança, o filme e a mistura entre as duas.
Para além de toda esta programação o público será ainda premiado com alguns extras: concertos, espectáculos, exposições, colóquios, debates e outras conversas. Afinal o primeiro ano é exactamente o ano zero, aquele em que é suposto o festival dar-se a conhecer, testar a sua estrutura e perceber o seu lugar na cidade.
O festival ocupará três salas no Museu Nacional do Teatro e uma outra no Centro Cultural da Malaposta. Tudo de 20 a 28 de Setembro no coração de Lisboa. Mais informações em http://www.ficap.pt/.


Artigo publicado no Jornal Semanário - Setembro (ed. 12.09.2008)

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