sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Três novos nomes na fotografia

O BES e Fundação de Serralves revelam 3 novos talentos da fotografia em Portugal. David Infante, com fotografia a preto e branco, Nikolai Nekh, um percurso sobre a emigração na primeira pessoa, e Mariana Silva, com um projecto mais ligado ao documental e à memória colectiva. Nomes a fixar, para mais tarde ver em Serralves.


David Infante, Nikolai Nekh e Mariana Silva foram seleccionados, por unanimidade, pelo júri do BES Revelação constituído por Bruno Marchand, curador independente (Lisboa), Pierre Muylle, curador no S.M.A.K. (Gent, Bélgica), Ricardo Nicolau, Adjunto do Director do Museu de Arte Contemporânea de Serralves (Porto) e Sandra Terdjeman, curadora e gestora de projectos na Kadist Art Foundation (Paris).
O projecto apresentado por David Infante (Évora, 1982) é constituído por fotografias a preto e branco, nas quais a presença da figura humana e a exploração do retrato são predominantes. Recorre frequentemente a dispositivos que complicam a linearidade perceptiva (nomeadamente através da utilização de espelhos, materiais translúcidos, ou mesmo fragmentos de imagens). As suas obras fazem uso da fotografia, tanto para fabricar o simulacro quanto para revelar o insólito.
Nikolai Nekh (Rússia, 1985) trouxe a este concurso um projecto que lida directamente com a sua condição de emigrado. Tendo vivido seis anos da sua infância em Raduzhnyy – uma pequena cidade da Sibéria onde parte da sua família ainda permanece – a proposta de Nekh para este concurso é uma reflexão sobre o papel da imagem na construção da identidade do lugar, mas também sobre o seu hipotético contributo para o resgate de uma relação familiar.
A proposta de Mariana Silva (Lisboa, 1983) assume-se como um prolongamento do seu trabalho em torno das questões da função documental da imagem e da sua relação com a memória colectiva. Partindo de um conjunto de filmes documentais que retractam parte da história recente de Portugal, Mariana Silva propõe-se desenvolver um modelo de Arquivo que oferece diferentes estratégias para o visionamento destas películas, e onde se procura desconstruir quer os habituais protocolos de experiência destes materiais, quer a noção de visualidade absoluta.
Cada um dos artistas receberá uma bolsa de produção no valor de 7.500 euros, apoio destinado à realização dos trabalhos a apresentar, a partir de meados de Novembro, na Casa de Serralves.


Legenda das imagens:
1. David Infante - Zurique, 2007
2. Mariana Silva - Modelo de Arquivo para a Permanência da Imagem, 2007
3. Nikolai Nekh - Postais da cidade de Raduzhnyy
Artigo publicado no Jornal Semanário - Setembro (ed.19.09.2008)

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