segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O regresso da casa de cultura

Rentrée 2009
Nova temporada na Culturgest


Rentrée. Todos querem saber o que vem aí. Depois de apresentarmos a temporada do CCB, segue-se a da Culturgest, um dos espaços com uma programação mais interessante na cidade de Lisboa. Música, com maior incidência no jazz, teatro, dança, cinema e exposições. Entre Setembro e Dezembro há espaço para tudo e o melhor é que em Janeiro há mais.

Habitualmente os panos baixam no final de Julho e voltam a abrir em Setembro. Este ano não é excepção. Hoje mesmo recomeça a roda vida de espectáculos na Culturgest. O jazz é uma aposta muito forte nesta instituição cultural, e a abertura da programação começa exactamente com o clarinetista e saxofonista francês Louis Sclavis, acompanhado por duas figuras nova-iorquinas: Craig Taborn (piano) e Tom Rainey (bateria).
Com uma sonoridade bastante diversa chegam os Son de la Frontera, um grupo flamenco formado por herdeiros do mestre Diego del Gastor, no dia 19 de Setembro. Em Outubro marcarão presença Henri Texier e Strada Sextet (dia 1) e António Pinho Vargas com dois solos (dia 31).
O “Ciclo Isto é Jazz” volta em Novembro, primeiro com Sten Sandell Trio (dia 5), depois com Nate Wooley e Paul Lytton (15 de Dezembro). Teremos ainda a oportunidade única de ver Hank Jones Trio, um dos músicos do jazz mais excepcionais, que sobe a palco, do alto dos seus 91 anos, para um concerto memorável.


Um dos destaques da programação de música, que aliás é o que predomina em quantidade durante os 4 meses que se seguem, é Gonzales, um canadiano com formação clássica em piano e que apresenta o espectáculo “Solo Piano”, a 4 de Novembro, uma mistura de showman com um recital de piano. A 11 de Novembro, o espectáculo “Zoetrope, assinado por Rui Horta e Micro Audio Waves, regressa ao palco da Culturgest, onde foi apresentado o ano passado. Uma poderosa performance multimédia que segundo a casa vale a pena reprogramar.
Passa ainda pela Culturgest a OrchestrUtopica, no dia 17 de Setembro, com o espectáculo “Transfronteiras”, em interacção com a obra visual de Luís de Campos, e no dia 29 de Outubro, com “Crash!”; o projecto Musica Elettronica Viva, no ciclo Imagens Projectadas.
No teatro marcarão presença os encenadores Cristina Carvalhal, Philippe Quesne e Rachel Chavkin.
“A Orelha de Deus” é um espectáculo encenado por Cristina Carvalhal, que tem por base o texto, com o mesmo nome, de Jenny Schwartz, onde se cria todo um universo paralelo com contornos de história infantil, mas onde se explora uma história dramática de um casal que perdeu um filho. Entre 24 e 30 de Setembro, no Pequeno Auditório.
Em Outubro, chegam dois espectáculos de Philppe Quesne e Vivarium Studio. O primeiro é “L’effet de Serge” (5 e 6), em que interroga a forma do solo através da representação e dentro dela, a partir da ideia de apresentação de pequenos espectáculos num apartamento, semanalmente, para amigos. “La Mélancolie des dragons” (8 a 10), em que explora a ideia aproximada de uma utopia, em que não há violência e há atenção às coisas e às pessoas. É um espectáculo na linha tangente.
O quarto espectáculo de teatro é um texto da “Team”. “Architecting” (23 a 25 de Novemrbro) é o olhar de uma jovem arquitecta, Carrie Campbell, da América, através de uma história que nos fala de americanos que tentam sobreviver enquanto tudo muda mesmo ali ao lado.
Na dança, “Anticorpo” de e por João Costa, coreografa e dança sobre o tema do sistema imunitário e a sua complexidade. O espectáculo abre a temporada da Culturgest no que diz respeito à música (25 e 26 de Setembro). Em Novembro, Vera Mantero apresenta o projecto final de dois anos de formação de 15 alunos no Programa de Estudo, Pesquisa e Criação Coreográfica do Fórum Dança.
No âmbito do Festival Temps d’Images, estão programados “Nada. Vamos ver”, de Gustavo Círiaco (18 e 19 de Novembro) e“Der Mann ist verruckt”, uma performance de Tãnia Carvalho e Vera Suchánková (20 e 21 de Novembro).
No último mês do ano, está agendado o regresso de Clara Andermat, com “So Solo”, o primeiro em que é autora e intérprete, e por isso único.
Entre 18 e 20 de Dezembro, é ainda possível assistir a “Good Morning, Mr.Gershwin”, um espectáculo de José Montalvo e Dominique Hervieu, que fala do prazer dos corpos em movimento.
Apesar de todo esta panóplia de espectáculos que se espera que tragam valor artístico e de partilha cultural ao mercado nacional, ainda haverá espaço para a participação nos habituais festivais: doclisboa em Outubro, Cinanima, em Novembro, e Nippon Koma, em Dezembro, além das exposições e outros eventos que serão desvendados à medida que o Outono avance.

ANA MARIA DUARTE

Artigo publicado Jornal Semanário (11-09-2009)

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