sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O universo frágil de Lisa Ekdahl


Lisa Ekdahl tem uma fragilidade de menina que deixa a minha sensibilidade vir ao de cima. Sueca, compositora e letrista das suas canções, acaba por se revelar uma mulher sensual e forte que se move à vontade nas áreas do pop e smooth jazz. Ela é um dos maiores nomes da nova geração deste universo hábil. Passará por Lisboa, Porto e Alcobaça, este fim-de-semana.

Tinha apenas 23 anos quando lançou o seu primeiro álbum, de nome “Lisa Ekdahl” (1994) e que a fez chegar ao sucesso, atingindo, na Suécia, a quádrupla platina ao fim de poucos meses. Em 1996 lança “Med kroppen mot jorden” e, em 1997, “Borton Det Bla” pela RCA/ BMG, numa linha de música pop.
No ano seguinte a sua voz passa a ser acompanhada pelo trio de Peter Nordahl, com quem já cantava jazz desde 1990, e grava o disco “Back to Earth” (1998) que veio confirmar o seu lugar no universo musical, tendo-a consagrado como uma das mais fascinantes vozes femininas contemporâneas. Nessa altura gravou principalmente repertório standard norte-americano com o trio no disco “When Did You Leave Heaven” e conquistou a Europa. Foram muitos aqueles que se renderam à doçura do seu dom vocal, nomeadamente a coreógrafa alemã Pina Bausch, que escolheu algumas das suas canções, para partilhar o “palco” ao lado de Nina Simone, Caetano Veloso ou Prince, tendo em conta que passou a integrar o alinhamento dos espectáculos da coreógrafa, espectáculos esses que vimos recentemente em Lisboa. Sendo frequentemente comparada a cantoras como Norah Jones, Diana Krall, Stacey Kent ou Jane Monheit, Lisa Ekdahl possui um tom profundamente carregado de emoção e conquistou já por três vezes os prestigiados Grammy Awards. É normal que seja comparada porque é o que acontece muitas vezes a estes meninas-mulheres que se aventuram pelo mundo da música, procuram-se semelhanças ou simplesmente pontos comuns nas sonoridades. As comparações entre Lisa Ekdahl e outras mulheres do panorama do jazz mais soft, como Diana Krall ou Norah Jones pode vir da suavidade da sua voz, mas provavelmente a essência da proximidade estará na fusão sonora entre as áreas da pop e do jazz que a sua música apresenta.
Assinou pela EMI, mas já lançou discos mais pop por outra editora. Mais recentemente regressa às criações originais, destacando-se o trabalho com o songwriter e guitarrista Salavadore Poe, que a relançou em 2000, quando lançou o disco “Sings Salvadore Poe”. As sonoridades pop com influência da bossa nova não lhe trouxeram senão mais sucesso e qualidade. De facto, a música “Daybreak” é brilhante e, provavelmente, continua a ser uma das melhores no seu repertório.
Até agora lançou um total de oito álbuns, seis cantados em sueco e dois cantados em inglês, para além de ter tido algumas participações em álbuns de outros artistas. O seu último disco de originais data de 2006, de nome “Pärlor av glas”. Carregada de emoção, a sua voz de menina consegue ultrapassar a indiferença de um disco que toca numa sala como música ambiente e leva-nos a viagens diferentes pelo facto de ela própria ter vários registos.
Lisa Ekdahl estará em Portugal para três concertos: 14 de Novembro, no CCB em Lisboa, 15 de Novembro, na Casa da Música no Porto e 16 de Novembro no Cine Teatro de Alcobaça. O concerto em Lisboa será no Grande Auditório do CCB, às 21h, numa co-produção com o Lado B. Os bilhetes custam entre 10 e 30 euros.

ANA MARIA DUARTE
Artigo publicado no Jornal Semanário (ed. 14.11.2008)

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