segunda-feira, 25 de agosto de 2008

München - a banda


Os München surgem de uma ideia simples. Bruno Duarte, em 1999, senta-se e grava umas músicas. Junta mais três amigos: Mariana Ricardo, João Matos e André Ferreira, e a partir daí deram mais de vinte concertos, todos sentados. Agora surge fala mongue, o álbum de estreia, num concerto único, dia 6 de Julho na Culturgest. O Semanário esteve à conversa com Bruno Duarte e Mariana Ricardo.

Em 1999 os München surgem com um único objectivo: participar no concurso dos Jovens Criadores. Vencem e participam na Mostra Nacional em Braga. Quando vencem pela segunda vez o concurso dos Jovens Criadores, em 2001, são seleccionados para a 10ª Bienal de Jovens Criadores da Europa e do Mediterrâneo e apresentam-se primeiro no Rivoli, no Porto, e depois em Sarajevo (Bósnia – Herzgovina). “Essa é realmente a origem do projecto, gravei umas músicas em casa e juntei uns amigos. Foi simples.” diz-nos Bruno Duarte.
Mais importante do que a presença em Sarajevo, que proporcionou alguma exposição à banda ao nível internacional, foi o concerto que deram no Porto. Mariana confirma que “o facto de se ter montado novamente o grupo, mas dessa vez com uma formação diferente, teve mais influência sobre o grupo”. No início eram quatro, mas essa formação alterou-se entre os dois concursos.
Os München nunca foram menos de quatro e nunca foram mais de nove. Neste momento são 6: Bruno Duarte, Mariana Ricardo, João Matos, João Nicolau, Paulo Amorim e Nuno Morão. O disco conta ainda com as participações de André Ferreira, João Lobo e Fernando Ascenção. Este último e Norberto Lobo são os músicos convidados para o espectáculo de dia 6 de Julho.
A diversidade de pessoas com quem trabalham tem a ver com as especificidades das sonoridades escolhidas e com as relações que estabelecem. “Há algumas pessoas que acabam por tocar connosco por nos serem próximas. Por exemplo, o Fernando toca contra-baixo. Acho que ao nível dos instrumentos faltava essa sonoridade, mas escolhemos o Fernando pela proximidade. Não dá para dissociar as duas coisas.”, explica-nos Bruno.
Todos os elementos da banda já passaram por vários projectos como Pinhead Society ou Velveteen, mas musicalmente não sentem que os München são o culminar dessas experiências, até porque, como explica Mariana Ricardo, “as outras coisas eram completamente diferentes, eram mais rock. München também é rock, entre outras coisas, mas é como se fosse não rock tocado como rock”. O facto de já terem trabalhado juntos noutros projectos fez com que houvesse mais ambiente para uma “cena de amigos em que há uma maior compreensão musical, que nos faz funcionar melhor.”, acrescenta Bruno Duarte.
Por detrás desta banda não há um conceito prévio, “antes das músicas não há nada” explicam em consenso. Bruno diz mesmo que “é mais fácil ver música a música, algumas partem de uma ideia ou de uma linha musical que alguém faz e vão-se trabalhando até soar bem. Não há algo planeado previamente, como se pensássemos: agora vamos fazer uma música com estes instrumentos ou vamos fazer de maneira a soar a música portuguesa com um ar de chinesóide (risos)”.
Tocam guitarra clássica, viola de arco, bateria e guitarra eléctrica, cavaco, xilofone e melódica, entre outros. O facto de usarem instrumentos de brincar vale-lhes muitas vezes a comparação a Pascal Comelade, mas não vêm essa comparação como algo que os chateie muito. Mariana diz-nos “eu não conheço bem, mas sei que usam instrumentos de brincar, e por aí entendo que haja uma comparação”. “A diferença essencial está no conceito, se bem que não sei exactamente qual é. Em Pascal Comelade penso que há um propósito de criar com determinados instrumentos, de pegar em músicas e tocá-las com instrumentos de brincar. Em München não há isso. Os instrumentos vêm depois.”, acrescenta Bruno Duarte.
O disco fala mongue é como o final de uma etapa. Mariana entende-o como “alguma coisa que nos acompanha há algum tempo. O facto de o termos terminado é bom, deixa-nos vontade de fazer outras coisas novas”.
Bruno Duarte conta-nos a falta de interesse por parte das editoras. “O facto de ter demorado tanto tempo teve a ver com a falta de dinheiro para o fazer, demorou algum tempo até conseguirmos o suficiente para editar com o dinheiro da banda”. “Na altura em que tinhamos o material pronto enviámos para várias editoras. A única que nos respondeu foi a Bor Land, que proporcionou o lançamento de um pequeno disco, em parceria com a Fnac e com o Blitz, como Novo Talento Fnac em 2005”.
O concerto da Culturgest vai estar integrado num festival de apresentação de trabalhos editados pela Bor Land, sendo simultaneamente a apresentação ao público desta edição de autor, o álbum de estreia. Depois deste procurarão dar mais concertos, para dar a conhecer ao público este álbum. Salas como a Casa da Música, o CCB, o Grande Auditório da Culturgest, ou simplesmente fora de Portugal, são alguns dos sítios onde gostariam de o fazer.
Recentemente a banda participou em algumas produções cinematográficas como “Rapace”, curta-metragem de João Nicolau, apresentada este ano, em Cannes. “Criámos um rap, uma proposta nova”.
Por agora querem promover este álbum e o resto surgirá, já que o ritmo dos München é marcado por objectivos. Sentem-se e deixem-se levar pelas novas sonoridades.
Artigo publicado no Jornal Semanário - Junho 2006

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