segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Museu Colecção Berardo - entrevista a Jean François Chougnet

Conversa com Jean-François Chougnet, director artístico do Museu, sobre as linhas de orientação da exposição e os principais projectos artísticos.

Ana Maria Duarte: Como foi construída a exposição? Quais as principais linhas de orientação?
Jean-François Chougnet: A exposição de abertura escolheu as melhores obras das 862 que integram o espólio da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea - Colecção Berardo, às quais foram acrescentadas novas aquisições e outras cedidas por entidades públicas e privadas.
São 248 obras, num total de 450 peças retiradas da colecção da Fundação e algumas cedidas, que percorrem sete núcleos - Surrealismo e Mais Além, Pop & Ca, Re-Take, Figuras Reinventadas, Poder da Cor, Minimalismos, e Autonomia - que podem ser visitados autonomamente pelo público.
Quase nove mil metros quadrados são dedicados a estes núcleos, inicialmente surgidos da própria cronologia da colecção. Mas quando se chega aos anos 80 e 90, a apresentação é mais temática.

AMD: Quais as principais vantagens deste espaço enquanto espaço de exposições?
J-FC: O Centro de Exposições de Belém, construído pelos arquitectos Vittorio Gregotti e Manuel Salgado, foi concebido initialmente enquanto espaço museológico. É perfeitamente adequado à apresentação de uma colecção de arte moderna e contemporânea, com luz zenital, salas de dimensões diferentes e capacidade de adaptação às obras.

AMD: Quais os quadros que considera imperdíveis de visitar nesta exposição?
J-FC: Os visitantes vão poder apreciar artistas consagrados e muito valorizados na história da arte (e também no mercado) , como Picasso, Bacon, Balthus, Andy Warhol. Os artistas portugueses também estão em destaque na primeira exposição do Museu Colecção Berardo, nomeadamente Paula Rego, Vieira da Silva, Helena Almeida, Pedro Cabrita Reis, Jorge Molder e Ângelo de Sousa.

AMD: Considerando que a colecção apresenta obras de períodos marcantes da estética do século XX, considera que esta exposição pode ser um grande passo naquilo que faz parte da educação cultural e artística de um país?
J-FC: A construção de um novo museu não se faz só com uma inauguração. Há todo um trabalho de continuidade, de eventos paralelos, de exposições temporárias para atrair o público. O novo espaço museológico também precisa do apoio dos media e da sociedade civil.
Acho que Portugal precisava de um museu de referência de arte moderna e contemporânea que permite uma confrontação directa dos públicos com o desafio das vanguardas.

AMD: Quais as primeiras exposições temporárias programadas?
J-FC: Em Novembro de 2007 o piso 2 dará lugar a uma exposição temporária co-produzida com o Museu de Arte Contemporânea de Barcelona - MACBA, denominada "Um teatro sem teatro", que examina as relações e intercâmbios entre o teatro e as artes visuais no século XX (comissários Bernard Blistène e Yann Chateigné). Em Fevereiro de 2008 teremos a 4ª edição do BES Photo e a exposição de Ângela Ferreira, da Bienal de Veneza.
Artigo publicado no Jornal Semanário - Julho 2007

Sem comentários: